Em períodos
remotos, os Estados não existiam como os vemos atualmente, de uns séculos para
cá, na função de suprir as necessidades sociais por segurança, garantia social,
reordenamento das funções sociais, garantia de direitos individuais e
coletivos, todos estes que uma sociedade sem organização e controle não
poderiam alcançar, confrontando com os anais históricos das barbáries humanas
de épocas passadas.
Inicialmente, o
Estado serviu de garantia à propriedade, aos interesses de soberanos e de sua
corte opulenta, sustentada pelo trabalho servil de seus indivíduos, ou no uso
indiscriminado da escravidão: atos atentatórios aos direitos básicos dos
escravos como seres humanos.
Das grandes
civilizações antigas, dos impérios, das cidades-estados gregas, de Roma, dos
sistemas produtivos como feudalismo, mercantilismo, do poderio da igreja
católica, da revolução industrial, ciência, capitalismo até a sociedade dita
hoje como da informação ou do conhecimento, tudo não passa de um retrato humano
do seu trato com o ambiente, consigo mesmo e para com os outros, outros como
famílias, cidades, estados, comunidades, sociedades e nações.
Todo o processo
de ação humana no seu meio inerente, depende de como trabalho efetiva-se na
transformação do ambiente para suprir suas necessidades e de um mínimo
organizativo de uns com outros para que toda a produção ocorra e circule entre
todos, girando riquezas, trocas de valores.
Nesse sentido,
valores foram dados aos resultados produtivos, o poder surge como forma de
controle social, a sociedade passa a ser planejada em normas pré-definidas para
direcionamento das relações humanas e todos, pelo menos de forma utópica, participantes
dos resultados humanos (pelo menos era o que deveria ser).
A sociedade, as
relações humanas, o trato com o ambiente e os valores definidos para ações,
serviços e produtos, vêm a garantir para aqueles que processam e trabalham, como
os meios de sobrevivência como o conforto advindo da tecnologia e produção, sem
eles: a agricultura e a pecuária para necessidades básicas de alimentação; imobilização
do espaço e da terra, garantindo a habitação e proteção das intempéries do
tempo; produção de vestuário e acessórios para cuidado com o corpo; além de
infinidades de outros produtos como cosméticos, bens de consumo que poderiam
ser descritos neste texto.
Como famílias,
empresas, sociedades dependem de recursos para manutenção de suas necessidades
básicas, o Estado precisa criar meios de financiamento para atingir seus fins
sociais, para garantir o mínimo de segurança para filhos de sua terra e manutenção
de sua máquina administrativa. Por fonte de recursos estatais, os tributos são
a base de seu caixa, em diversos mecanismos como impostos, taxas e
contribuições de melhorias, conforme descrito no diploma legal do código
tributário nacional.
Sem a carga
tributária de uma nação, o próprio Estado não teria condições de sobrevivência,
existência ou criação, pois não teria meios de transformar a força produtiva em
recursos propulsores para transformações sociais, estas em áreas chaves para
desenvolvimento social como: educação, saúde, segurança, previdência, cidadania,
entre tantas outras.
Historicamente,
o trato do Estado para com a sociedade retrata um longo período de desigualdade
na distribuição das riquezas produzidas e ele próprio chegou a ser confundido
com a pessoa do governante na opulência da satisfação de seus desejos pessoais
em detrimento das básicas necessidades de seus súditos.
Hoje, é difícil
pensar em uma sociedade sem um Estado gestor, controlador e normatizador das
ações humanas, como também, da ausência dos tributos para sustentáculo dos
programas governamentais e da própria sociedade como mantenedora de todo este
sistema. Como se manteria os programas administrativos do governo? E as ações de
cunho social e assistencialista? E o fundo de recursos para trabalhadores e
previdência? Como garantir a propriedade privada, estatal e sua função social?
Como manter o sistema federativo, o Estado de Direito e direitos políticos?
Não significar
aqui afirmar que não existem problemas de ordem administrativa, política ou
governamental, ou que estes foram solucionados ou que as sociedade chegaram ao
pleno desenvolvimento social. Ainda permanece a grande lacuna entre países
ricos e pobres, desenvolvidos e subdesenvolvidos, a fome assola grande numero
de seres, a riqueza se concentra nas mãos de poucos, o próprio Estado não
atingiu a eficiência de como melhor utilizar os recursos disponíveis e sua
eficácia melhor direcionada aos fins sociais, além do câncer da corrupção e da morosidade
administrativa que adoecem o sistema em si.
Enfim, um dia sem Estado pode significar um alívio tributário, um
momento de reflexão da utilidade de tal instituição, como uma lacuna para
análise de sua importância política e social que, sem a mão governamental na
garantia dos básicos direitos individuais, sociais, políticos, de cidadania,
justiça social, conquistados a altos custos históricos daqueles que lutaram por
uma mudança no desenvolvimento humano, fatalmente voltaríamos às épocas da
barbárie das antigas sociedades, momento este que prevalecia o instinto de
sobrevivência do mais forte contra o fraco, da sabotagem da propriedade alheia
e do escravizamento de muitos a interesses de poucos.
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